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Memória Afetiva- Conto

Havia uma escola de culinária com raízes profundas, onde tradição e emoção se entrelaçavam de forma mágica. Não era uma simples instituição fria de ensino culinário, mas sim um lugar onde as receitas passavam de mãe para filha, carregando consigo todo um legado de amor e sabores que mexiam com os sentimentos de todos que por ali passavam.



Lembro-me da primeira vez que adentrei aquelas portas, uma jovem curiosa acompanhada de minha mãe. A atmosfera quente e aconchegante envolvia cada canto do lugar, e logo nos sentimos parte de uma grande família gastronômica. Era como se as panelas fizessem ecoar memórias afetivas, evocando sabores de momentos vividos, de encontros à mesa e celebrações da vida.


Em um dia especial, fui agraciada com uma aula em homenagem à lendária Nina Horta, a maior cronista de culinária brasileira. Ela tratava a comida com afetividade e memória, resgatando através de suas palavras as histórias que envolviam cada prato, cada ingrediente. Assistir a essa aula foi como embarcar em uma viagem no tempo, um reencontro com minhas lembranças mais queridas e um vívido resgate dos sabores que permearam minha infância.


Enquanto Luiza compartilhava as vivências de Nina, eu me transportava para os momentos em que minha mãe me ensinava suas receitas prediletas. Através do sabor e do paladar, nossas memórias se entrelaçavam, como fios de um tecido que se moldam harmoniosamente. Cada prato tinha um significado especial, um laço invisível que unia gerações e alimentava não apenas o corpo, mas também a alma.


E assim, as estórias se cruzavam naquela escola de culinária. A filha que hoje continua o legado faz referência à mãe, honrando sua sabedoria e amor pela gastronomia. Os aromas que pairavam no ar eram mais do que simples temperos; eram elos que nos conectavam com nossa própria história, com nossas raízes.


A escola se tornou um templo de tradição e encanto, onde cada prato era preparado com um toque de carinho e nostalgia. Ali, o conhecimento culinário era transmitido não apenas pelas técnicas e receitas, mas também pelo coração, pelas lembranças que permeavam cada colherada de sabor.


E assim, em meio às panelas borbulhantes e aos risos compartilhados, a escola de culinária com tradição familiar perpetuava sua essência. Um lugar onde as mães encontravam suas filhas, e as filhas se tornavam mães, perpetuando uma linhagem de sabores e memórias afetivas. Era um conto poético que se desenrolava a cada prato, a cada aprendizado, envolvendo não apenas os sentidos, mas também a alma daqueles que por ali passavam.


E assim, o legado daquela escola de culinária, aquecido pela paixão e memória, continuava

a ser contado, nutrindo corações famintos por afeto, sabor e a beleza das tradições que nos conectam uns aos outros.





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